quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Posição Curta?


Não, não estou a pôr em causa o nome do blog ou a procurar outro título blogueiro. Trata-se apenas de abordar a forma de estar nos mercados financeiros que está mais na moda. Mas, serão os shorters (nome de guerra para todos os que usam este instrumento) responsáveis pela descida acentuada de ações do setor financeiro português?

Na minha opinião poderão influenciar mas não determinam a variação negativa da capitalização bolsista. Hoje, Itália e Espanha impuseram a continuação da proibição de venda a descoberto de ações do setor bancário. A interdição já durava desde o início de Agosto terminando no final do mês de Setembro. No entanto, este movimento sancionatório não impediu que as empresas do setor financeiro vissem o seu valor em bolsa descer a pique desde então. Perante estes factos estamos num contrasenso que dará veleidade a todos aqueles que desresponsabilizam os shorters da descida de preços.

Introduzamos então a ação que mais tem sofrido com a especulação dos shorters: BCP. Estaria a capitalização bolsista deste banco muito superior se fossem proibidas as posições curtas na bolsa portuguesa? Se tivermos em conta os exemplos espanhol e italiano poderiamos afirmar que não e que o preço por título estaria muito semelhante ao que fechou hoje (0,191 por ação). Mas, o mercado português é o meio ambiente ideal para todos os especuladores curtos. E é-o porque os pequenos investidores lusos entram logo em pânico quando o vizinho do lado afirma que o valor da ação vai descer. E se o vizinho do lado é uma consultora fora do nosso retângulo lusitano então ainda mais facilmente o pânico é gerado e propagado. Ainda na semana passada tivemos o exemplo ideal quando a consultora Marshall Wace comunicou ao mundo que havia reforçado a posição curta no BCP. Seguiram-se imediatamente 2 sessões de forte desvalorização. A bomba foi lançada, o pânico gerado e a consultora a esfregar as mãos de contente. Pelo que, arrisco a dizer que tendo em conta o comportamento do investidor luso se esta prática de short selling fosse proibida no PSI-20 veriamos todas as cotadas do PSI-20 com um valor substancialmente maior do que apresentam agora.

Contudo, sou a favor do mercado total e liberal pelo que não concordo com a proibição. E peço apenas maior sensibilidade na hora de vender ou comprar não deixando-se levar por qualquer notícia ou comentário de entidades que apenas desejam influenciar o mercado de alguma forma.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Horas


Em apenas 3 horas, ou seja, desde as 18.30 do dia de hoje estamos a assistir a um dos maiores rallies de descida do euro face ao dólar deste ano. Para terem uma noção neste preciso momento e o euro vale 1,3563 dólares quando há pouco mais de 3 horas valia perto de 1,38 dólares. E continua a descer!!! Feliz aquele que soube prever esta queda excecional! Entre os diversos fatores já por demais conhecidos (bancarrota grega, taxas de colocação da dívida italiana e espanhola crescentes, indefinição total de política económica, financeira e monetária na zona euro, colapso da banca europeia, ...) temos também uma previsão por parte do Barclays capital de que o par EUR/USD iria desvalorizar até 1,25 no final do ano e 1,33 no final de Setembro. Penso que este valor, pelo andar da carruagem, irá ser atingido antes do final de Setembro permitindo assim aos traders da sala de mercados desta instituição britânica recuperar de possíveis perdas. São afirmações deste teor que vêm tirar credibilidade ao mercado não deixando, no entanto de o influenciar, e consequentemente tornar mais fácil a vida de muitos.

O ministro das finanças grego também afirmou há poucas horas que o país helénico está à beira do colapso.
Sinceramente espero que não mas já pouco acredito. Mas já diz o ditado: "Enquanto há vida ..."

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Incerteza


Era uma vez um rapaz de origem Ganesa que trabalhava na city de Londres. Em apenas 5 anos o inteligente e cativante estudante da Universidade de Nottingham passou de trainee para trader superestrela da UBS conseguindo o respeito dos seus pares para além de um assombroso salário anual de 7 dígitos. A sua caminhada parecia imparável quando na sede da UBS soaram os alarmes denunciando que uma das transações não autorizadas efetuadas por este profissional geraram uma perda de 2 mil milhões de dólares.

Kweku Adoboli é o autor desta façanha e já se encontra detido aguardando desenvolvimentos da investigação. Curiosa a frase que escreveu no seu facebook no dia 6 de Setembro:

"Preciso de um milagre".

Um brilhante profissional de trader com resultados dignos de uma superestrela da UBS não conseguiu prever uma descida de 10% - sim apenas 10%!!! - de uma aposta sua que consequentemente gerou cash flows negativo de 2 biliões de dólares. Mais uma história para caraterizar o que efetivamente são os mercados financeiros e toda a atividade que nele se desenvolve:

Incerteza absoluta!!!!





segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sem rumo


A bolsa nacional continua a perder dinheiro. Este ano já se contabilizam cerca de 12 mil milhões de euros que voaram da praça portuguesa. A contribuir para esta perda com contornos absolutamente arrasadores está, entre outros, o setor bancário português que assim acompanha as capitalizações bolsistas negativas que estão a caraterizar toda a banca europeia. Este setor em particular não tem conseguido resistir à incerteza que paira no ar relativamente ao futuro da união económica e monetária europeia. E este cenário é fruto de uma inépcia total por parte dos lideres europeus que estão de certa forma a condenar a Grécia à saída do euro. E depois da Grécia penso que muito dificilmente os outros países que já sofreram intervenção externa conseguirão evitar cenário semelhante. Aliás, não sei se reparam mas a Itália está a passar exatamente pelo que Grécia, Irlanda e Portugal passaram há um ano: intervenção do estado através de planos de austeridade, descontentamento social, juros da dívida pública a subir e compra por parte do Banco Central Europeu de dívida pública. Alguém adivinha o que virá a seguir? Não é difícil... O grande problema é que o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira não tem capacidade financeira para intervir em países como a Itália e Espanha. Que fazer então? Penso que nem os líderes europeus o sabem. Mas, uma certeza afigura-se como absoluta, enquanto cada país europeu olhar apenas para o seu umbigo e não para a UNIÃO europeia na verdadeira aceção da palavra dificilmente sairemos do fundo do poço. E, sendo assim mais vale cada um voltar para a sua moeda soberana...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

De volta...


Regresso de férias e deparo-me com uma situação económico financeira ainda pior do que a que estava há 2 semanas. E, para primeiro dia não foi nada mau: Angela Merkel treme na Alemanha, os juros da dívida grega já estão nos 80%, existe a possibilidade de se aumentar ainda mais os impostos em Portugal e como cereja no topo do bolo as bolsas europeias no geral, e a de Portugal em particular, assistiram a um mini crash (mais um!). Ora, não se afiguram nada fácil os próximos tempos. A chanceler alemã terá de fazer muito para manter a sua posição de liderança na Alemanha e ainda mais para continuar a ser uma (talvez a!) voz dentro do espaço da União Europeia. A Grécia tecnicamente já está falida com juros a tocar o teto da irracionalidade. E, que fazer a este país? Parece que a saída do Euro já esteve mais longe. Mas esta solução também poderá ter repercussões inimagináveis em todos os demais países da UE. A subida de impostos em Portugal já começa a roçar o ridículo e um verdadeiro assalto aos bolsos dos portugueses. Novas medidas alternativas à carga fiscal carecem de urgência. Quanto à situação das bolsas portuguesas e europeias são apenas o reflexo da instabilidade que o panorama internacional atravessa. A grande questão que se coloca é se depois do zero ainda há mais possibilidade de descida...

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