terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Super Rally


Para quem segue este blog não é novidade que sempre defendi a subvalorização de algumas cotadas do PSI-20. E, talvez o BCP seja aquela que mais defendi como a empresa da bolsa portuguesa mais sobrevalorizada. O ataque que sofreu por parte dos especuladores shorters durante alguns meses fez com que atingisse valores impensáveis, chegando a baixar os 10 cêntimos por ação. Contudo, as últimas semanas têm dado um novo fôlego a uma entidade que muitos já davam como perdida. E o clímax deu-se na sessão de hoje onde um super rally do título fez com que fechasse valorizando-se 20%. Sim, isso mesmo: 20%. Muitos analistas tentam dar explicação para tal variação. Eu proponho algumas variáveis:

  • apesar dos prejuízos avultados registados no ano transato os investidores constataram um balanço do BCP muito mais limpo e livre dos potenciais ativos tóxicos;
  • a decisão de não vender o Millenium Bank na Polónia revelou-se um tiro certeiro. O Banco deu lucro em 2011 e o próprio BCP decidiu não distribuir resultados e assim precaver possíveis necessidades de financiamento noutras áreas;
  • a entrada da Sonangol no capital do Banco e a possível entrada de um acionista chinês até Junho parecem estar a ser fulcrais na definição de um novo rumo estratégico;
  • a saída de Santos Ferreira da presidência da instituição e a substituição por Nuno Amado parecem ter dado aos especuladores a confiança que haviam perdido na direção anterior;
  • novos orgãos sociais vêm confirmar o que disse no ponto anterior;
  • e por último penso que os shorters aperceberam-se que não é possível descer mais pelo que neste momento o que poderá dar lucro é uma posição longa. O fecho de posições curtas poderá explicar o rally de hoje.

Se a tendência é para manter? Sim. Amanhã possivelmente descerá relativamente mas no médio prazo os 17 cêntimos de hoje serão baixos. Recomendação: posição longa.

4 comentários:

  1. Acções Sobrevalorizadas ou Subvalorizadas?

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  2. Ações subvalorizadas efetivamente. Correção efetuada. Muito obrigado pela nota.

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  3. Mas como é que se calcula o valor do BCP? Qual o modelo de valorização que está a usar para concluir que está "sub-valorizado"?

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  4. Bem sei que o passado recente vem demonstrar que a expressão "too big too fail" não corresponde à realidade. No entanto, neste caso penso que a frase anglo saxónica não andará longe do que efetivamente se passa nesta instituição. E tendo em conta o baixíssimo valor das ações, a posição estratégica que o banco assume em Portugal como uma porta aberta para a Europa, temos que assumir que mais tarde ou mais cedo os grandes tubarões financeiros fora da Europa interessar-se-ão pela aquisição estratégica de ações do BCP. Aliás, as últimas variações (hoje já vai em 20%) dão a entender que já se passa exatamente isto. Poderia alegar que a recente conversão de obrigações perpétuas, os aumentos de capital social, como instrumento justificativo da suposta subvalorização. No entanto, a noção que tenho é de que o ano horribilis da banca portuguesa foi 2011 e que a aquisição de divida pública grega já está corretamente provisionada no prejuízo que agora foi apresentado. Daqui para a frente parece que vai ser melhor.

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